O UNDP juntamente com a FRUTICAD, por meio do Programa Mecanismo de Recuperação de Moçambique (MRF), realizaram nos dias 13 e 23 de janeiro oficinas práticas para a Recuperação de Áreas Degradadas Através do Plantio de Vetiver nos bairros de Mahate e Muxara em Pemba e na aldeia de Nanjua, no distrito de Metuge.
Após a análise de diversas opções de controlo da erosão optou-se por realizar um conjunto de técnicas em que os principais materiais de reconstrução das áreas atingidas pelo ciclone Kenneth são marcação curvas de níveis e reposição de comunidades vegetais.
O capim Vetiver apresenta papel de destaque em relação a outras plantas usadas para a formação de barreiras em função principalmente de sua alta rusticidade e adaptabilidade a diferentes condições de solo e clima, crescimento rápido e enraizamento profundo. Possui grande densidade de raízes, em formato de cabeleira, podendo chegar a 5 metros de profundidade, com resistência a trações equivalentes a 1/6 da resistência do aço doce. Essa caracteristica auxilia na fixação do solo e na formação de uma barreira ao fluxo descendente subsuperficial, garantindo maior infiltração de água e também incremento de matéria orgânica ao solo através da degradação das raízes mortas. A parte da coroa de seu sistema radicular fica abaixo da superfície do solo, possibilitando maior resistência a queimadas, a geadas ou ao pisoteio de animais.
A aldeia Nanjua foi bastante afectada pela passagem do ciclone “Kenneth” porque estava numa zona baixa, bastante exposta e vulnerável, razão por que o ciclone teve efeitos devastadores. Por esses motivos, a estrutura governamental de nível distrital e provincial definiu como prioridade identificar e demarcar uma área com condições de receber a totalidade das famílias afectadas. Essa área fica próximo da aldeia de Taratara, razão por que também foi seleccionada para o projecto. Segundo os últimos dados recolhidos em 2018 a aldeia Nanjua tinha um total de 187 famílias, sendo a população total de 1.158 habitantes (556 homens e 602 mulheres).
Os bairros Muxara e Mahate, do município de Pemba, estão numa área, bastante vulnerável e exposta a eventos climáticos extremos, devido à sua localização com frentes para a Baía de Pemba, os dois bairros e para o mar aberto, o bairro Muxara. Caracteriza-se por zonas altas, com declives acentuados em algumas áreas habitacionais, sendo grande parte dos solos “arenosos” e “argiloarenosos”, sujeitos a riscos acentuados de erosão. As necessidades acrescidas de áreas para a construção de habitações, faz com que a desarborização seja uma constante, o que tem causado mais exposição e vulnerabilidade.